terça-feira, 29 de maio de 2012

As Lembranças - Relbier Oliveira


Passa o tempo, gasta-se a vida, sobram lembranças.
A nostalgia não é uma fraqueza, e sim o cômputo da existência.
Não se quer voltar atrás, mas somente apreciar os pontos belos do caminho.
A transformação biopsicossocial nos força a abandonar a magia:
só nos sobram as lembranças, só nos sobra solidão.
Mas agora, passa-se a vida e gasta-se o tempo.
Tudo fica preto e branco
Assim, sério; assim cansado
Assim embriagado e entediado
Assim, sem graça-ingênua
(porque senso de humor é fuga despropositada:
vazia, fria; sem sentido: sem graça)
Apoiado o desprezo ao saudosismo ao tempo de infância!
Da velha casa, quero apenas os velhos planos
Quero a curiosidade de se ver o simples
e de tirar dele um universo de possibilidades
Quero o tempo sem valor monetário, sem valor ocupacional
Quero a vida como nada que precisasse de uma filosofia de tédio para explicar
A vida com delírios próprios, delírios meus
A Lagoa Azul ingênua, perene
Sem se preocupar com o eterno
por não considerar começo ou fim
Mas percebendo que o para-sempre era aquele agora
que agora se foi
E jaz, para sempre, na memória e na lembrança
Num sentimento quente no fundo da alma
Numa existência já sem tempo e já quase sem vida
mas, para sempre, memorizada.
(Domingo de Páscoa, 2012)

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