Venha e me leve!
Neste dia em que me vejo de novo
acossado pelo mal de há muito
Meu maior inimigo nunca esteve em outro
lugar
senão em mim mesmo
Ingerido quente. Assim preto, forte
porém doce
Ou enfiado pelas contingências
ambientais
Venha e me leve de volta ao Inferno!
Uma série de desfortunas me trouxe você
de volta
Devo abraça-la, com a minha mais
verdadeira hipocrisia?
Não se recebe de volta quem nunca foi
embora
Entrou e me jogou na cara toda a solidão
inerente
Sacudiu o tecido dos meus bons modos
e me remostrou o quanto sou feio
Não aprendi a admirar a minha imagem no
espelho
A não me identificar com o que não seja
o falso que criei
e não me reconheço
Vivo a esquizofrenia da não auto-aceitação
A realidade oprime; minha subjetividade,
idem
Não vislumbro descanso nem na morte
E só vivo para buscar superação
porque a existência é eterna
– Afinal, nunca a experienciei de outro
modo.
Sim, podes voltar a dormir em seu velho
leito
Porém, até o fim desta eternidade
terás de ter ido embora.
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